![Endometriose](https://drmarceloponte.com.br/wp-content/uploads/2022/06/WhatsApp-Image-2022-07-08-at-14.40.20.jpeg)
O que é a endometriose? Como ela acontece?
Endometriose é uma doença ginecológica crônica, benigna, estrogênio-dependente e de natureza multifatorial que acomete principalmente mulheres em idade reprodutiva. Pode ser definida pela presença de tecido do endométrio fora do útero. O endométrio é a camada que reveste o útero por dentro, local onde ocorre o crescimento do embrião durante a gravidez.
Qual a causa da endometriose?
A causa específica da endometriose ainda é tema de discussão, porém a teoria mais aceita é da menstruação retrógrada. Durante o período menstrual, uma parte da menstruação tem um grau de refluxo para as tubas uterinas e acabam caindo na cavidade pélvica. Essas células endometriais, então, implantam-se no peritônio e nos demais órgãos pélvicos, iniciando, dessa forma, a doença. Nesse processo, ocorre influência de um ambiente hormonal favorável e de fatores imunológicos que não eliminariam essas células desse local impróprio.
Predisposição genética ou alterações epigenéticas associadas a modificações no ambiente peritoneal (fatores inflamatórios, imunológicos, hormonais, estresse oxidativo) poderiam iniciar a doença nas suas diversas formas.
Lesões de endometriose poderiam originar-se diretamente de tecidos normais mediante processo de diferenciação metaplásica, segundo outra teoria da metaplasia celômica.
Quais os principais sintomas da endometriose?
– dismenorreia ( cólica menstrual intensa)
– dor pélvica crônica
– dispareunia de profundidade ( dor durante relação sexual)
– alterações intestinais cíclicas (distensão abdominal, sangramento nas fezes, constipação, dor para evacuar e dor anal)
– alterações urinárias cíclicas (disúria, hematúria, polaciúria e urgência miccional no período menstrual)
– infertilidade.
Quais as repercussões da endometriose na saúde e na vida da mulher?
A endometriose é uma doença crônica e merece acompanhamento durante a vida reprodutiva da mulher, momento no qual a doença manifesta seus principais sintomas.
A endometriose causa um grande na rotina de vida da mulher, com sofrimento físico relacionado ao quadro de dores intensas, sangramentos, além do impacto emocional, pelo medo e incertezas em relação ao sucesso do tratamento e as consequências que a doença pode acarretar.
A endometriose pode afetar a saúde mental das mulheres porque grande parte dos casos se relaciona com quadros de dores crônicas e intensas, dificuldades no relacionamento sexual e infertilidade.
Há casos de dores tão intensas que a mulher precisa interromper suas atividades diárias, prejudicando sua qualidade de vida, seu trabalho e sua rotina com amigos e familiares. Além disso, um dos principais sintomas da endometriose é a dispareunia, dor durante ou após uma relação sexual. Com medo de sentir dores, a mulher pode passar a evitar ter relações, o que a impede de aproveitar sua vida sexual de maneira plena. Como consequência, podem surgir problemas na autoestima e na relação com parceiros.
Outra questão importante quando o assunto é a relação entre endometriose e saúde mental é a infertilidade. A doença é a umas das principais causas de infertilidade entre as mulheres, já que prejudica o funcionamento das tubas uterinas e reduz a qualidade dos óvulos. Algumas pacientes podem enfrentar muitas dificuldades para engravidar, num processo que pode culminar em sintomas de ansiedade, depressão e consequente diminuição da saúde mental.
Para amenizar o sofrimento, é fundamental que a mulher seja acompanhada por um ginecologista que esclareça suas dúvidas e seus medos.
Como é feito o diagnóstico de endometriose?
O ultrassom pélvico e transvaginal com preparo intestinal e a ressonância magnética com protocolos especializados para mapeamento de endometriose são os principais métodos por imagem para detecção e estadiamento da endometriose e deverão ser realizados por profissionais com experiência nesse diagnóstico. O diagnóstico pode ser também realizado por videolaparoscopia, nos casos, em que não é possível diagnosticar por exames de imagem.
A endometriose tem cura?
A endometriose é uma doença crônica, que infelizmente não podemos falar em cura, mas sim, em controle dos sintomas.
Os sintomas podem ser controlados tratamentos hormonais, ou por cirurgia, de acordo com a gravidade dos sintomas manifestados pela doença.
Como tratar endometriose?
O tratamento clínico é eficaz no controle da dor pélvica e deve ser o tratamento de escolha na ausência de indicações absolutas para cirurgia. Os principais objetivos do tratamento clínico são o alívio dos sintomas álgicos e a melhora da qualidade de vida, não se esperando diminuição das lesões nem cura da doença, mas sim o controle do quadro clínico.
O tratamento clínico é baseado no bloqueio ovulatório ou no bloqueio da menstruação, através de medicações hormonais como progestagênios de forma contínua, pílulas combinadas de estrogênios e progestagênios, implante e diu hormonal.
Anti-inflamatórios não hormonais e analgésicos podem ser utilizados apenas para alívio temporário da dor.
Terapias complementares podem ser indicadas no seguimento das pacientes com endometriose sintomática, como acupuntura, fisioterapia do assoalho pélvico, psicoterapia e uso de analgésicos, como gabapentina e amitriptilina.
A atividade física, em especial a aeróbica, pode ser uma grande aliada no combate à doença, melhorando os índices de imunidade. Por outro lado, o estresse também pode estar associado a endometriose, intensificando o problema.
A psicoterapia pode auxiliar na manutenção da endometriose, ajudando mulheres a lidar com o estresse e a ansiedade que acompanham o diagnóstico e dando força para aquelas que lutam contra a doença para conseguir realizar o sonho de ter um filho.
A decisão do tratamento depende de cada caso, sendo definido com o médico ginecologista.
O tratamento cirúrgico deve ser oferecido às pacientes em que o tratamento clínico for ineficaz ou contraindicado, por alguma razão, assim como em situações específicas.
Quais as indicações de cirurgia de endometriose?
– Endometrioma ovariano > 6cm
– Lesão em ureter, íleo, apêndice ou retossigmoide (com sinais de suboclusão)
– Dor pélvica refratária ao tratamento clínico
– Nos casos de infertilidade por obstrução tubária.
Endometriose e Infertilidade
Há grande associação entre endometriose e infertilidade. Alguns estudos mostram que entre 25% e 50% das mulheres inférteis são portadoras de endometriose e 30% a 50% das mulheres com endometriose apresentam infertilidade. A abordagem da paciente com endometriose e infertilidade é individualizada, devendo ser considerados o quadro clínico da paciente, sua idade, sintomas, tempo de infertilidade e presença de outros fatores de infertilidade.
Se o endométrio passa a se desenvolver em locais como as tubas e os ovários, o processo de inflamação e cicatrização que ocorre nestes lugares impede o pleno funcionamento dos órgãos, dificultando, assim, os primeiros estágios da fecundação.
Além disso, as células inflamatórias também podem afetar a qualidade dos óvulos, o que atrapalha o processo de gestação, ou gerar cistos de endometriose nos ovários, dificultando a ovulação.
Contudo, isso não significa que mulheres com endometriose não consigam ter filhos. Assim como nem toda mulher com problemas para engravidar é afetada pela doença.
Mulheres com endometriose podem engravidar de forma natural ou através de tratamentos especiais, se necessário. Durante a gestação, a doença raramente causa problemas e, em geral, não aumenta os riscos de parto prematuro, pré-eclâmpsia ou aborto espontâneo, não afetando, desta forma, a vida da mãe ou do bebê. Não é preciso a realização de exames específicos além dos já esperados e a gravidez deve ser acompanhada de maneira adequada e rotineira, assim como qualquer outra.
Ficou alguma dúvida? Deixe um comentário ou, caso tenha alguma questão, me siga no Instagram (https://www.instagram.com/drmarceloponte). Espero você!
Endometriose tem tratamento! Agende sua consulta!
Um grande beijo,
Dr. Marcelo Ponte
#drmarceloponte #ginecologia #saúdedamulher #endometriose #adenomiose #dorpelvicacronica #menstruacao #cólicaintensanãoénormal
Entrevista de Dr. Marcelo Ponte para gshow:
Siga nossas redes sociais: